quinta-feira, 10 de abril de 2008

>>HIPHOP ANGOLANO EM PESO - KACIMBULADO DO BLOG MUSICAUHURU

>Hemoglobina - Alegrias e Tristezas (2003)





Uma vez ligou-me um Denérido a convidar-me a fazer um som. Eu dei aquela resposta que dou a todo o gajo que não conheço: “Mostra aí o teu trabalho até agora e se eu curtir é na boa”. Isto foi antes que saísse o EP Carnes, para muitos um clássico, quanto mais não seja, pela escassez de trabalhos que os artistas, na altura, tinham a coragem de meter na rua da única maneira possível... a independente. Ouvi os sons, curti bwé a maior parte e claro que aceitei trabalhar com os manos, porque senti empenho, senti entrega e senti sobretudo muita originalidade em relação ao que se estava a fazer naqueles tempos. Depois saíu este álbum e eu fiquei super orgulhoso dos manos e muito contente de poder dizer com a boca toda que tava a sentir muito hip hop angolano que não era feito pelos meus bros mais chegados e na qual não tinha participado, o que eliminava as acusações de “amiguismo” que normalmente são associadas aos rappers. Eles conseguiram por duas vezes marcar o nosso Hip Hop e fizeram-no com um salto incrível de um trabalho para o outro e meteram no mapa mais alguns nomes até então totalmente desconhecidos e que apresentavam qualidades suficientes para deixarem de o ser.

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>Denéxl - Dentro e Fora do Meu Quarto (2007)
Primeiro trabalho à solo do Denéxl, membro do grupo supracitado, agora a estudar na Rússia. O mano é mesmo talentoso e um grande autodidata. Com a dificuldade de aceder a instrumentais fornecidos até então pelo Contrário (MC e produtor dos Hemoglobina) e pelo Mario Pinho, o mano começou a dedicar-se à produção e o seu progresso é meteórico. Começou a mandar-me instrumentais meio podres e em menos de um mês já me mandava coisas altamente originais e com uma equalização muito para lá do satisfatório! O resultado está aí, o projecto que deveria ser mixtape e se tornou num (grande) álbum, cheio de personalidade e de carácter, como o Dené nos tem habituado ao longo dos anos. Curtam a cena.

http://www.myspace.com/denexl
http://www.myspace.com/tidene

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>Mc K - Trincheira de Ideias

McK é um carimbo da música contemporânea angolana. Enquanto nós todos temos o nosso nicho de adeptos e reconhecimento mais discreto pelo trabalho que empreendemos, o Kapa atingiu um estatuto de lenda viva, um nome que se forjou pelo boca-à-boca, os putos mostravam aos pais que se mostravam entre si e hoje em dia o mangas está em TODOS os cds piratas de hip hop angolano, mesmo aqueles em que o único hip hop é ele que fornece (muito R&B e aquela palhaçada comercial que já devia ter um nome próprio ao invés de estar sempre a pedir emprestado à esquerda e à direita). Nas províncias onde vai para concertos, lotação esgotada é garantida e atenção que tudo isto com o boicote constante dos meios de difusão que se autocensuram e recusam passar tudo o que tenha a mais ínfima farpa de subversão, que possa, ainda que indirectamente ou de maneira remota, retratar de maneira negativa o estado da Nação. Quando a mensagem é importante, a circulação flui alternativamente, as ruelas engarrafadas fazem-se avenidas para as ambulâncias da verdade e assim nascem as lendas.

http://www.myspace.com/mckapa


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>Keita Mayanda - O Homem e o Artista

Antigo membro dos FAE, vão poder verificar pela mudança na tonalidade da sua voz, (outrora agressiva, desesperada por justiça, reivindicativa, hoje mais amarga, mais conformada, mais triste) que Keita amadureceu, que as vicissitudes da vida mudaram a trajectória quase kamikaze deste sociólogo de formação que está tudo, excepto próximo de atingir a sua paz interior (apesar de altruisticamente a desejar a todos no som Jimona Dia Ixi). Keita é sempre criticado pela seu “escorrega” (flow), a sua voz rouca e muito característica tem o terrível efeito de causar adoração ou repulsa, mas todos estão de acordo para dizer que o homem é alguém de muito especial e o artista é um dos maiores compositores da mais nova e quase extinta geração da utopia.

http://www.myspace.com/keitamayanda

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>Leonardo Wawuti - Ltrospectivo

Ltrospectivo eh um disco intimista, introspectivo, diferente do primeiro álbum do Wawuti, muito mais virado pras questões própias do ambiente hip hopiano.O Ltrospectivo tem mais busca espiritual e necessidade de autoconhecimento, o dred produziu boa parte das musicas rapou, cantou, tocou, samplou, e ainda fez de fotografo. A sonoridade do álbum eh algo soulful, nos remente para os native tongues aqui na versão mangurra oiçam so o “quem te mandou?” a vão sentir a língua nativa dos musseques de Luanda. (Texto por Keita Mayanda).

http://www.myspace.com/leonardowawuti

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>Conjunto Ngonguenha - Ngonguenhação

Quase todo o mundo que fala português fora de Angola (talvez excluindo os moçambicanos) deve ter dificuldades em pronunciar esta palavra, sim o primeiro N deve ser pronunciado arrastado quase guturalmente, mas o importante mesmo eh a viagem que o álbum proporciona, este eh o primeiro álbum angolano que eh puro native tongue, pura linguagem luandense, ambientado nos passados 80’ e com bases musicais que se situam entre os anos 60,70 e 80’ da musica angolana urbana, recheado com referencias ao quotidiano luandense e a maneira de ser do angolano em geral.Eh um álbum pra ouvir sorrindo eh um convite ao sarcasmo, a critica mordaz a autocrítica ao rir de si mesmo, mas sobretudo, a critica da engrenagem social e politica que fez de Angola uma republica das bananas. (Texto por Keita Mayanda).

http://www.myspace.com/ngonguenha

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>Phay Grand - Pão Burro

Lê-se mesmo PAI, o “h” tá ali só para complicar a cabeça das pessoas, porque esse mangas é o próprio tantuchooooo. A maior lufada de ar fresco no hip hop angolano depois dos hemoglobina. Numa altura em que se estavam a formar dois gangs que se desprezavam mutuamente, Phay Grande chega de lado nenhum, à todo o vapor, para com toda a naturalidade e sem complexo nenhum mandar FODER todo o movimento já “institucionalizado” e deixar confusas as pessoas habituadas a organizar as suas gavetas por etiquetas, que ficaram atarantadas sem saber muito bem onde o colocar: “Não é comercial porque os instrumentais são estranhos, fala pouco de gajas e muito de vinho”, mas tampouco é underground porque não fala de revolução e de filosofias utópicas tradicionais ao género”. Foi um grande puzzle para aquelas cabecinhas formatadas que tiveram de esperar ver a opinião do gang (do qual não ousam distinguir-se com opiniões próprias) para decidir se curtiam ou não. Pois o Phay Grande está a dar a cagada real para opiniões dos dois campos e espero eu que ele continue a fazer isto, porque o resultado é magistral.

http://www.myspace.com/pgpoeta

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Fonte: http://www.musicauhuru.blogspot.com/

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